Andei refletindo,motivada um pouco pelo inferno astral que me acomete todo fim de ano, sobre tecnologia, internet, orkut, e todas as outras parafernálias tecnológicas de que fazemos uso habitualmente.
Cheguei a uma conclusão bem simples: o que motiva as pessoas a bisbilhotarem, a engajarem-se numa verdadeira maratona virtual, quando as pessoas estão bem ali, ao seu lado, acessíveis até mesmo por uma forma simples de comunicação, o olhar? O que as motiva a sentarem na frente de um computador sem vida, enquanto o dia faz sol e está bom para nadar? Ou ainda, se eu caminhar na linha sócio-política, me pergunto, como essas pessoas conseguem se importar com a vida virtual, enquanto milhares morrem todos os dias, quando a fome e a violência se fazem reais, bem reais.
A forma de olhar o outro por aqui é baixa: espreitando, maquinando, coisa de gente que vê telenovela, que acha que bandido deve mesmo morrer (e acha Tropa de Elite um grande exemplo)e que acha que o Bush está no caminho certo. É assustador, se pensarmos o quanto a tecnologia ainda irá evoluir e consequentemente, a distância entre as pessoas se fará cada vez maior, todas espremidas em lan houses, em seus laptops, criando realidades em que o contato se mede por pixels, megabites etcs e etcs.
O orkut é uma ponto especial disto tudo, há quem use para deixar recados, outros para encontrarem amigos, outros acham uma pura perda de tempo e há ainda aqueles que usam simplesmente para bisbilhotar. Adoro internet, amo tecnologias, mas peraê! Nada substitui um abraço, um beijo, uma ligação ( ai, que saudades do tempo do telefone), até mesmo uma carta, um pombo correio! Algo que prove, neste mundo de cá, de que as pessoas gostam de você, se importam, te escutam, partilham de sonhos e do seu mundo.
Não vou me estender muito, até porque está um dia lindo de sol e vou para praia.
Meu mundo é real.
*
domingo, 23 de dezembro de 2007
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
. Tomáz não crê .
Sentado na areia da praia, Tomáz observava o ir e vir das ondas. Gostava de ir à praia, quando os momentos felizes decidiam deixar-lhe a sós. A praia estava quase deserta: ao longo do mar, um barco fazia sua travessia e, bem distante, caminhava uma moça, cambaleando com uma garrafa de vodka quase vazia, exaurida na noite que ela insistia em não abandonar.
Pensou que tudo isso era inútil, a travessia do barco, que sempre tinha que voltar, e a bebedeira da moça, que não era tão moça assim, que definitivamente iria acabar no banheiro vagabundo mais próximo onde suas pernas poderiam chegar. Preso aos seus sentimentos cinzas, Tomáz nem reparou que a moça entorpecida tinha sentado ao seu lado, roupa preta amassada, maquiagem borrada, hálito que certamente já havia percorrido muitos copos de bebida, quase não se via que havia ali uma mulher. Tomáz pensou em sair dalí, em deixar aquela criatura sozinha, exalando os seus podres poderes, mas estava muito cansado para qualquer coisa e só lhe restou ficar.
A mulher cantarolava um samba antigo, impossível de se decifrar ( Cartola ou Noel? Pensou o rapaz) e se jogava na areia, gargalhando muito alto, de forma que Tomáz não pôde deixar de notar qualquer outra coisa que não ela. No entanto, a mulher de lábios borrados não olhava para ele: continuava a cantar, a rir bem alto e a gritar: Tomáz era simplesmente invisível para ela.
Aquela indiferença começou a incomodar Tomáz, que começou a se sentir pequeno, miudamente pequeno, absurdamente pequeno. Ele gritava, mas ela não ouvia, tudo era agora uma estrita treva, plena de escuridão. Já sem forças, prestes a ser consumido pelas próprias entranhas, tal qual um inseto que se alimenta dos restos de outro, a moça parou em sua frente e lhe entregou um bilhete. Ele fez um enorme esforço, sua pequenez agora já era enorme, mas suas vistas alcançaram o papel, que trazia em letras vermelhas: ACREDITE.
Em quê, meu Deus, em quê?!! Tomáz ia gritando, berrando, mas a moça não mais lhe escutava, já estava bem longe, quase impercepitível. E ele ia diminuindo, diminuindo, sem saber no que acreditar, até que simplesmente se acabou. Era agora tudo cor de areia, e o insistente barulho do mar, de que ele tanto gostava.
E bem ao fundo, lá de longe, podia-se ouvir a moça bêbada cantar um samba de Cartola, enquanto Tomáz se desfazia, se dissolvia, por não saber acreditar.
*
--» Não postarei mais fotos aqui. Só textos.
Para fotos, acessem: www.flickr.com/photos/marianadavid/
Pensou que tudo isso era inútil, a travessia do barco, que sempre tinha que voltar, e a bebedeira da moça, que não era tão moça assim, que definitivamente iria acabar no banheiro vagabundo mais próximo onde suas pernas poderiam chegar. Preso aos seus sentimentos cinzas, Tomáz nem reparou que a moça entorpecida tinha sentado ao seu lado, roupa preta amassada, maquiagem borrada, hálito que certamente já havia percorrido muitos copos de bebida, quase não se via que havia ali uma mulher. Tomáz pensou em sair dalí, em deixar aquela criatura sozinha, exalando os seus podres poderes, mas estava muito cansado para qualquer coisa e só lhe restou ficar.
A mulher cantarolava um samba antigo, impossível de se decifrar ( Cartola ou Noel? Pensou o rapaz) e se jogava na areia, gargalhando muito alto, de forma que Tomáz não pôde deixar de notar qualquer outra coisa que não ela. No entanto, a mulher de lábios borrados não olhava para ele: continuava a cantar, a rir bem alto e a gritar: Tomáz era simplesmente invisível para ela.
Aquela indiferença começou a incomodar Tomáz, que começou a se sentir pequeno, miudamente pequeno, absurdamente pequeno. Ele gritava, mas ela não ouvia, tudo era agora uma estrita treva, plena de escuridão. Já sem forças, prestes a ser consumido pelas próprias entranhas, tal qual um inseto que se alimenta dos restos de outro, a moça parou em sua frente e lhe entregou um bilhete. Ele fez um enorme esforço, sua pequenez agora já era enorme, mas suas vistas alcançaram o papel, que trazia em letras vermelhas: ACREDITE.
Em quê, meu Deus, em quê?!! Tomáz ia gritando, berrando, mas a moça não mais lhe escutava, já estava bem longe, quase impercepitível. E ele ia diminuindo, diminuindo, sem saber no que acreditar, até que simplesmente se acabou. Era agora tudo cor de areia, e o insistente barulho do mar, de que ele tanto gostava.
E bem ao fundo, lá de longe, podia-se ouvir a moça bêbada cantar um samba de Cartola, enquanto Tomáz se desfazia, se dissolvia, por não saber acreditar.
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--» Não postarei mais fotos aqui. Só textos.
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