terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Depois de tanta confusão, agora sei a quem dar a mão.
Assumo as minhas escolhas, sigo o caminho perto de você, agora mais.

Planto os sonhos que iremos colher, quando o momento chegar - e sabemos que não temos absolutamente controle algum sobre isso. Mas os sonhos estão aqui e estarão lá, como no dia em que nos encontramos e eu fui a primeira pessoa a te ver.

Não há programações: apenas um amanhecer cor de rosa e um cheiro bom vindo das flores do nosso quintal.

Gosto de você.


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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Lembro-me de já ter tido muito medo das pessoas. Uma vergonha muito forte de olhar nos olhos e talvez perceber que eu não sou aceita. Ou ficar com aquele quê de incertezas que um olhar pode trazer a você.
Lembro-me que, um dia, eu tive a idéia de só fotografar olhos de mulheres para uma exposição. Tive muita vergonha de pedir a elas numa festa em que muitos olhos bonitos circulavam. Mas, recebi um conselho - talvez você não encontre outros - e fui com a câmera, escondendo os meus olhos que viam tudo. Foi mais simples do que eu pensava.
A fotografia me ajudou muito a superar os medos criados na minha cabeça. Até mesmo assumir a fotografia como meu caminho, como minha profissão. Dei muitas voltas até chegar a ela. Chorei muito em noites de angústias que pareciam não terminar, até finalmente descobrir que eu só seria feliz quando eu pudesse olhar as pessoas nos olhos, mesmo que para isso fosse necessária uma câmera na frente dos meus.

A fotografia trouxe o que há de melhor em mim. Não há mais medo por aqui.

sábado, 7 de novembro de 2009

Não sei se o que vivo é real ou ficção. Mesmo um filme documentário pode ser, por vezes, montado e criado a partir das idéias de alguém. Há edições e construções de narrativas que muitas vezes correm por fora da vida real.

Não sei se estou editando minha vida de forma que ela pareça uma coisa não vivida por mim.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Escuto meu silêncio e ele faz um barulho enorme.

As janelas estão molhadas, parou de chover lá fora há alguns minutos.

E em mim, não tenho tanta certeza.

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

É incrível como tudo, um dia, vira fotografias guardadas numa caixa, num fundo de armário.


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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Penso nos seus olhos, como eles são bonitos. Penso em nós dois, sentados numa mesa de bar, fingindo que não somos daqui, falando em espanhol e rindo alto, fazendo os outros acreditarem que nós não somos mesmo deste lugar.
Estou ouvindo uma velha canção, de uma mulher muito bonita, que um dia eu lhe disse: ela sempre tem razão.
E agora, mesmo com a canção, não consigo me decidir pelo caminho que a melodia me propõe, até mesmo ela tem duas versões e eu não sei simplesmente qual devo seguir.

Desculpe a confusão. Espero por um novo dia, em que eu acorde e saiba onde eu quero estar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Os abraços servem para quando tudo se acaba e não se quer que acabe. Os abraços servem para comemorar os dias de alegria, aqueles abraços onde a pessoa lhe tira um pouco os pés do chão.
Os abraços, sempre os abraços, de corpo apertado, de peitos colados, às vezes dilacerados, servem à dor, servem à felicidade. Os abraços cabem até num livro.

Os abraços atestam as distâncias e encerram as saudades. Os abraços firmam os encontros e cabem nos tamanhos de todos os braços.

E existem pessoas que não cabem nos abraços.

Elas são o abraço.

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terça-feira, 12 de maio de 2009

Abandonei as coisas velhas, larguei as roupas antigas. As fotos estão todas numa caixa, escondida no fundo do baú que herdei da minha avó, onde também tentei me esconder. Não cabia, eu não cabia ali.
Pisei em todas as lembranças com os pés calçados numa bota imunda, suja dos lugares por onde tentei fugir de tudo que me lembrava alguma coisa que um dia senti.

(Na parede de uma casa, um relógio me avisa que o tempo passa).

Quando já havia me desfeito de tudo, corri para dentro de mim, para escapar dos sons e dos cheiros que me levavam de volta ao que eu não queria. Tentei, tentei, mas eu também não cabia mais ali.

(Debaixo da terra, habitam corpos abandonados).

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sábado, 25 de abril de 2009

.2009.

Eu quase deixei esse blog de lado, quase me esqueci o quanto é bom escrever, e quase não percebi, por um quase instante, o tanto que eu mudei.

Quase.

Eu quase fui advogada, quase fui antropóloga e quase não me tornei fotógrafa.

Quase.

Eu quase fiquei na fossa, eu quase perdi a vida, eu quase deixei de acreditar no amor.

A vida é por um triz.

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